Flatos Reais
terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
O livro do fim do mundo
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
A Racinha do Pajé e do Capeta...
A racinha do Pajé era uma gangue infanto-juvenil que atormentava minha infância. Rivalizava com ela, tanto na imaginação das crianças da 4ª série daquele colégio de freiras, quanto nas ruas, a racinha do Capeta.
Sempre tive medo do Pajé e do Capeta. Tinha um primo mais velho, o Jão, que era especialista em inventar casos e os casos sobre a bravura, violência e atitudes brutais das racinhas do Pajé e do Capeta e algumas dessas histórias eram especialmente cruéis, como naquela onde o Capeta, em pessoa, laçou a namoradinha de um menino da 5ª série e levou ela amarrada dois quarteirões sob os olhares acovardados de toda a molecada.
Eu tinha medo!
Qualquer aglomeração de moleques entre 10 e 15 anos era motivo para minhas pernas tremerem e eu mudar o percurso, literalmente "cortando a volta" daquele grupo de crianças que poderiam (ou não) ser uma dessas racinhas.
Antes de mais nada, vou explicar o termo racinha. Esse termo vem de raça, que segundo o dicionário Aurélio é a sucessão de ascendentes e descendentes de uma família, um povo; geração, mas também pode ser a Categoria de pessoas da mesma profissão, de inclinações comuns: os usurários constituem má raça.
Assim, racinha seria o diminutivo para raça e a segunda definição do Aurélio é a que melhor se aplica. Portanto a racinha do Pajé e a racinha do Paçoca nada mais eram que um bando de delinqüentes juvenis que atormentaram minha.
Acontece que no meio dessa história surgiu o Paina. Paina era um rapaz de 15 ou 16 anos, alto igual a uma paineira e por isso seu apelido.
Repetente que era, estudava com as crianças da 5ª série mesmo tendo idade para estar no segundo grau.
Todo mundo queria ser amigo do Paina, não porque ele fosse o cara mais legal do mundo, mas porque ele, que era uma versão mirim e abrasileirada do Rambo, botava medo nos membros das racinhas do Pajé e do Capeta. O Paina por perto era sinônimo de proteção e segurança. Eu mesmo fui amigo do Paina por intermédio do meu primo Jão que estudava no PREMEM (colégio público da periferia da minha cidade) e de lá conhecia nosso herói.
O Paina era o que queríamos ser, apesar de ser completamente relapso nos estudos e, por assim dizer, o burro da turma, ele era famoso e fama nessa idade é a moeda do poder. Não tinha medo das racinhas, era popular entre as meninas e jogava futebol melhor que o resto da rapa. Assim, quando o Paina começava a contar suas aventuras todos queriam ouvir, porque, sendo ele herói da turma, suas conquistas eram como se fossem nossas próprias conquistas.
E para mim, mais ainda, porque naquela época eu estudava em um colégio católico e não tinha o menor contato real com o submundo romantizado da delinqüência juvenil. Eu achava aquelas histórias o máximo.
Tudo ia bem até que um dia a racinha do Pajé se desmanchou (ele foi estudar em outro colégio) e a do Capeta não tardou a seguir o mesmo caminho. O Capeta agora trabalhava como Office boy em um escritório e, estudando a noite, não tinha tempo para dedicar-se a sua organização.
E quando acabaram as ameaças ninguém mais precisava ser amigo do Paina. Ele que há pouco era o herói da turma, passou a ser o chato e insuportável do grupo com aquela empáfia nórdica e do alto de seus um metro e setenta e cinco, ninguém mais queria ser amigo do Paina.
Eu mesmo fui um dos primeiros que não queria mais ser amigo dele, a mim seguiram-se outros e outros. O Paina ficou esquecido, adormecido igual à paineira do colégio católico onde eu estudava.
Lembrei dessa história porque a Paineira do colégio de freiras continua lá, a vi ontem, já o Paina...
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
A tia da casa vermelha
Nunca antes na história desse país eu estive tão enojado com a fisionomia de uma pessoa como estou com a fisionomia de nossa futura presidente.
Ela tem um ar de arrogância e um jeito de falar (gaguejar) que me causam repugnância.
A dona lembra aquelas velhas que praguejam contra tudo e contra todos e procura o tempo todo, uma desculpa para puxar sua orelha.
O debate da rede Globo, ontem à noite, foi assustador. Passei a noite tendo pesadelos com a cara funesta e sinistra daquele boneco de ventríloquo sendo odiosamente mascarada por sorrisos ensaiados.
E o que é mais tormentoso é ver os demais candidatos perderem para isso... A minha faxineira, pessoa humilde e iletrada, mas de boa índole e excelente coração fez o seguinte comentário: "aquela mulher não sabe falar, não fala nada certo, acho que ela vai perder".
Evidentemente que ela sequer acompanha pesquisas, noticiários ou coisas do tipo. Mas se ela consegue perceber o embuste que é essa senhora, me pergunto: como explicar as tais pesquisas eleitorais?
Enfim, tenho que me conformar, vivo em uma democracia. Mas confesso que, pelo menos no que diz respeito a pesadelo, a ela prefiro o Plínio.
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Em uma brain storm o peido pode ser considerado o trovão?
Durante muito tempo ficamos pensando em qual nome por nesse blog, um nome capaz de, por si só, atrair as massas, personificar os colaboradores e transmitir nossas ideias.
Evidentemente que não atingimos o nosso objetivo, afinal de contas colocar o nome que traduz um peido não pode ter toda essa força.
De qualquer forma, escolher nomes para agremiações de qualquer natureza é sempre muito difícil, eu que já tive várias bandas sei como é... Às vezes demoramos mais tempo escolhendo o nome da banda que tocando efetivamente.
Pensando nisso, talvez um peido seja perfeito, rápido, quando viu já saiu. Eficaz, todo mundo percebe. Marcante, dependendo do conteúdo pode marcar uma vida.
Diálogo...
"Mamãe disse: 'Zequinha nunca pule aquele muro'; Zequinha respondeu: 'mamãe aqui tá mais escuro... '".
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
A última carta...
Foi no Natal de 2009... a última carta entregue pelos correios. Hoje, engalfinhados em meio a milhares de pilhas intermináveis de papéis os gnomos distribuidores estão perdidos e com medo.
Foi no Natal de 2009 que os correios daquele país tupiniquim bananeira ao sul do Pólo Norte comunicou-se pela derradeira vez com o resto do mundo e, pela derradeira vez seus habitantes comunicaram-se entre si pela carta escrita.
Restaram, aos incautos habitantes, meios eletrônicos, e-mails, kindles amazônicos, sinais de fumaça e pombos correio.
Mas o correio, este mesmo, acabou. Foi câncer, proliferação descontrolada da célula directoriuns indicatuns partidorius governalis.
Eleições 2010
Não sei o motivo pelo qual chamam a propaganda eleitoral gratuita na TV de "show de horrores" da política brasileira. Na verdade, ela é hoje a única âncora que ainda salva nossa política do desinteresse generalizado.
Imaginem a política brasileira sem o alento cômico dos candidatos Tiriricas, Ratinhos, Netinhos, Bradocks, da vida? Seria extremamente entediante.
Na verdade, a propaganda eleitoral é quase como uma copa do mundo. Esperamos ansiosamente a cada quatro anos pelo show tragicômico protagonizado pelos vereadores (eles são imbatíveis), deputados, governadores e finalmente as grandes estrelas, os presidenciáveis.
É tão divertido e tão aguardado que, como não poderíamos aguentar quatro anos esperando, partimos a copa em duas fases, a primeira, onde vereadores dão o show junto com os prefeitos e, dois anos depois, a segunda, onde as grandes estrelas entram em campo.
Este ano está sendo ótimo. Temos duas disputas pessoais que estão se sobrepondo à verdadeira disputa presidenciável, são elas: a corrida pelo melhor clone do Drácula depois de uma semana sem beber sangue, onde concorrem o vovô Plínio e o tio Serra e a disputa pelo troféu "eu sei usar meu maquiador".
É que, mais que o horário eleitoral, a TV serve para mostrar a evolução estética dos candidatos, no caso dos vovôs em sua regressão primária ao corpo vampiresco que abriga o ser eleitoral, no caso do R2D2 botoxizado do Planalto, a sua transformação que levou uma mulher chata, que fala mal, mente e é extremamente feia a se tornar uma mulher chata, que fala mal, mente e é muito feia.
A nós sobra escolher, apertar os botõezinhos, e esperar como é que nós sairemos nessa foto.